Estudantes de São Paulo e Embu fazem projeto conjunto de educomunicação por meio das redes sociais
por Marcelo Modesto
15 OUTUBRO 2010
Acorde
Jovens atendidos pela ONG Acorde integram inclusão digital e educação
Uma parceria firmada há um ano está unindo as experiências em redes sociais presentes nas atividades do colégio Dante, em São Paulo, e o reforço escolar de estudantes da cidade de Embu, na região metropolitana. A ideia, contam os participantes, é simular processos jornalísticos com os alunos do ensino médio e fundamental auxiliados pela ONG Acorde, despertando interesses por temas diversos e por conteúdos escolares como redação, pesquisa e atividades interdisciplinares.
Os jovens de Embu visitam o colégio semanalmente, encontram-se com os participantes das oficinas, trocam experiências e levam as propostas para a sua comunidade. A parceria já começa a ficar mais palpável, com o projeto de um blog com informações culturais e de eventos próximos a Embu, a ser realizado pelos próprios moradores da região.
Além disso, os jovens atendidos pela ONG Acorde recebem aulas específicas no colégio Dante sobre diversos conteúdos. O relato dos pais, em sua grande maioria, não poderia ser mais receptivo. Os estudantes desenvolveram um ambiente de união, através de espaços de aprendizagem colaborativa, integrados por redes sociais, como a plataforma Ning da ONG Acorde, que já tem 2 anos de existência.
A ideia de trabalhar em conjunto teve como base a experiência dos alunos e alunas do colégio paulistano, que participam desde 2007 do projeto extracurricular Dante em Foco. As atividades do projeto são combinadas por e-mail, SMS, e os alunos se encontram para discutir pautas, matérias e cobertura de eventos, em oficinas que simulam o trabalho jornalístico.
Divulgação/Colégio Dante
Videorreportagens transmitidas via web são algumas das atividades do projeto
Todos os conteúdos produzidos pelo Dante em Foco são disseminados via web, por redes sociais e outros meios. Além disso, sob coordenação de Renata Pastore, Verônica Cannatá e Marcella Chartier, as oficinas não utilizam as redes sociais somente para a disseminação. Um exemplo, lembra Marcella, é o caso de uma revista a ser publicada sobre a África, com dois africanos que foram entrevistados via Facebook. “Os alunos aprendem sobre como procurar informações nas redes, mas também como checar esses conteúdos. Desenvolvem assim um senso crítico sobre eles”.
Entre outros exemplos de atividades realizadas pelos alunos, estão telejornais, produzidos para a internet, organização e disseminação de flash mobs, e a manutenção de dois blogs: Dante Catraca, que reúne eventos culturais na região da Avenida Paulista, a preço acessível (até 10 reais), e o próprio blog do projeto, que organiza as atividades do grupo, e é o principal canal de comunicação dos trabalhos, sempre alinhado com as redes sociais. Todas essas ações estão sendo discutidas e muita já são também trabalhadas pelos estudantes de Embu.
Primeiros passos
Com a inserção cada vez maior dos jovens no mundo virtual, e principalmente nas redes sociais, questões como privacidade e segurança tomaram um contorno mais drástico e tornaram-se essenciais para pais e educadores. Sônia Bertocchi, especialista em tecnologia educacional, aponta essa como uma das principais razões pelas quais as escolas não se aprofundam no uso das redes sociais.
Divulgação/Colégio Dante
Para Sônia, as redes sociais devem entrar nas escolas pela “porta da frente”
Porém, mesmo as escolas não se apropriando dessas ferramentas, elas acabam adentrando o ambiente escolar através dos alunos. Os jovens levam, na opinião de Sônia Bertocchi, a cultura das redes para dentro da escola, ainda que em forma de “rebeldia”, ou para além das normas que as escolas estabelecem em seus espaços, o que não somente aumenta o desafio, como faz com que sua solução precise ser urgente.
As coordenadoras do projeto do Dante afirmam que, assim como a escola deve preparar os alunos para os desafios do “mundo real”, ela deveria também oferecer esse preparo para o mundo virtual. No caso das atividades realizadas no colégio, Renata Pastore pontua que os pais estão mais receptivos para a ideia de seus filhos participarem em atividades online. Ela aponta, inclusive, que os alunos recebem conteúdos sobre ética e segurança na internet, e que, durante a realização das atividades das oficinas, não ocorreu nenhum caso de mal uso ou exposição inadequada.
Aprendizagem colaborativa
Sônia Bertocchi também concorda que as escolas devem tratar dessas questões em seus currículos: “assim como a escola se ocupa em ensinar os alunos a estarem no mundo presencial, deve ocupar-se também com sua estada no virtual”. Ela aponta, ainda, que apesar de as escolas estarem um passo atrás na questão do uso de inovações, esse quadro avança, mesmo que aos poucos.
Na opinião de Sônia, as redes sociais, quando bem utilizadas dentro de uma proposta pedagógica, podem proporcionar um espaço que oferece condições de várias cabeças pensarem em conjunto e trocarem informações. Quando isso ocorre, as probabilidades de se potencializar a aprendizagem crescem. Nesse sentido, ela lembra, “ambientes online que estimulem, potencializem a troca de saberes são, ou deveriam ser, bem-vindos sempre”.
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Para saber mais
Blog do Dante em Foco: http://dante.foco.blogdante.com.br/
SaferNet – SaferDic@s: orientações para um uso correto e seguro da internet: http://www.safernet.org.br/site/prevencao
Plataforma Ning da ONG Acorde: http://acorde.ning.com/