Orientações Estágio III
Comentário inicial sobre a disciplina
1. Excepcionalidade do semestre cria problemas e oportunidades:
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Desencontro entre semestre na universidade e ano letivo na escola cria dificuldades para o desenvolvimento de um projeto contínuo na escola. Todavia, para aqueles que já possuem inserção em alguma escola é maior a possibilidade de realizá-lo. Por isso mantemos também este campo de estágio. O mesmo vale para projetos educativos em ongs, museus ou associações.
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Em ambos os casos, é necessário apresentar a instituição aos professores. Devemos saber de qual instituição se trata para podermos autorizar o estágio.
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Alternativamente, podemos criar outros campos de estágio não-institucionais em que faremos o reconhecimento das horas/atividades (50hs) mediante a realização de atividades programadas de campo e produção dos portfolios devidamente documentados. Neste caso, o percurso dos projetos de estágio deverão seguir um cronograma mais coletivo de trabalho.
2. Em que o estágio III difere dos estágios anteriores?
A disciplina Estágio III, diferentemente do estágio I e II, tem outros campos possíveis de realização do estágio. Tal abertura está baseada nas seguintes premissas:
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Campo de formação profissional do ciências sociais como educador/professor tem a escola pública como seu foco principal. Todavia, exite uma diversidade de locais/campos de atuação como educador: museus, ONGs, governos, sindicatos e associações, entre outros.
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A experiência de educação na escola é ampliada e enriquecida quando a educação escolar exercita uma prática educacional que transborda o espaço da sala de aula. Ou seja, pensando a educação de forma expandida, de forma a colocar a relação escola-sociedade em novas perspectivas. A educação escolar tem a sala de aula como centro, porém, a educação escolar é mais do que a sala de aula.
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Desenvolver metodologias e práticas de ensino de sociologia (tanto escolar como extra-escolar) em que o ensino-educação das ciências sociais na educação básica aconteça como práticasociológica-antropológica. Ou seja, trata-se de ensinar sociologia/antropologia/c.politica experimentando o fazer científico. Ao invés de transmitir conceitos, trata-se de criar situações em que as pessoas sejam mobilizadas a “criar” conceitos, novos pensamentos enriquecidos no “confronto” experiencial (proporcionado pelo exércicio do fazer) com o confronto teórico (proporcionado pelo referencial teórico mobilizado pelo professor).
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Um novo conhecimento se produz na interconexão de diferentes “modos de conhecer”. O estágio III também objetiva criar situações em que possamos perceber a maneira como cada linguagem (texto, imagem, audiovisual etc), contexto (espaço, cultura), modo de apreensão sensível do mundo (sensação e percepção) se relaciona com os conhecimentos abstratos e simbólicos (conhecimento comum, científico, cosmologias etc). Tudo junto e misturado! Por isso, a proposta é que cada estudante/grupo crie “situações” que proporcionem outro tipo de experiência de aprendizado (para si e para o outro).
3. Projetos de Estágio
Há uma amplo conjunto de iniciativas que podem ser desenvolvidas pelos estudantes como projeto de estágio. O fundamental, que deve estar presente em todos os projetos, é que o estudante realize uma ação educativa baseada nos seguintes princípios e movimentos:
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Realização de uma pesquisa focada na identificação de um tema/problema vinculado a uma realidade específica (onde será desenvolvida a ação). Por exemplo: identificar questões relevantes do ponto de vista sociológico/antropológico presentes numa determinada parte da cidade (um quarteirão, uma praça) onde você levará os estudantes para realizar o projeto ou onde você desenvolverá uma aula com o público que frequenta aquele local. Outro exemplo: ao percorrer uma exposição num museu qualquer, identificar temas interessantes que poderão compor um percurso específico com o público da sua ação educativa (aula, oficina, intervenção, etc).
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Levantamento de informações e dados complementares relacionados ao problema/tema que você pretende explorar em sua ação educativa. Se vai dar uma aula pública em uma praça da cidade utilizando elementos ali presentes (transporte público, por exemplo) para propor uma discussão com o público, que dados seriam importantes para você?
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Definir um referencial teórico/bibliográfico das Ciências Sociais que permita a você explorar esta temática de forma a transformá-la em algo mais junto ao público da sua ação educativa. Não se trata de passar conceitos ou domínio de autores ao seu público, mas quais os conceitos/teorias que orientam seu trabalho e que serão colocadas em contato com a reflexão na situação da ação educativa?
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Entender as linguagens e formas de expressão do local/situação da ação educativa para ser capaz de comunicar. Quais são as formas de comunicação que ali ocorrem? Como me apropriar para torná-las também um recurso didático para minha ação educativa? Por exemplo, se eu fosse fazer uma “aula” com estudantes durante um trajeto no Metro, que tipo de comunicação ali ocorre? Painéis, banners publicitários, sons de comando, o que eles informam, como este espaço, sua visualidade e sons nos educam? Outro exemplo, vou numa exposição fotográfica sobre América Latina (atualmente em cartaz no Itaú Cultural da Paulista). Quais as especificidades da linguagem fotográfica? Como a linguagem fotográfica participa da produção de sentidos específicos nesta exposição ou em algumas fotos selecionadas para o problema que você quer examinar? O que esta esta exposição permite-nos organizar como percurso educativo temas relativos à classes sociais, diversidade, globalização, conflito, poder?
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Intervenção e documentação. O projeto educativo se efetiva em sua execução. O projeto se documenta com um registro detalhado. Por exemplo: a ação educativa pode estar baseada na realização ou exibição de um video num local específico com posterior discussão com o público. A discussão deverá ser registrada e sistematizada de alguma forma para posterior análise. Posso produzir um ensaio fotográfico sobre um bairro da cidade e realizar uma exposição para analisá-la com um publico específico. Se vou dar uma aula pública numa praça posso pesquisar seu entorno, registrá-lo em imagens para posterior documentação. Posso utilizar elementos da arquitetura presentes no local para minha “aula”. Outro caminho interessante é mobilizar os participantes da sua ação educativa a produzir/criar algo. Você pode propor que eles realizem fotos ou videos com o celular, que escrevam textos ou gravem audios/entrevistas para posterior coleta e produção coletiva de um material que aborde os temas/problemas que você quer tratar. Em ambos os casos, o fundamental aqui é experienciar a ação de criação/produção do recurso/material que será objeto da reflexão nesta ação educativa.
4. Cronograma da Disciplina e dinâmica das aulas
Neste semestre optamos por experimentar uma outra distribuição de aulas, alternando atividades presenciais em sala de aula e atividades de campo. É o conjunto dessas atividades (aulas, campo, produção dos registros e portfolios) que irão totalizar as 135hs.
Dentro desta proposta o cronograma e a dinâmica do curso irão adquirir um caráter mais coletivo. Em suma, devemos caminhar juntos no desenvolvimento dos projetos. Cada aula presencial irá se debruçar sobre a produção dos estudantes realizadas no período entre uma aula e outra (15 dias de intervalo). Por isso, a disciplina só irá funcionar se todos estiverem sincronizados com as tarefas de campo que serão propostas em cada encontro presencial onde ocorrerão as supervisões coletivas. Esperamos criar ao longo de semestre diferentes projetos de intervenção (seja em escolas, ongs, museus ou espaços não instituicionais), em que cada passo será discutido e analisado coletivamente em sala de aula. Para isso, as atividades em sala serão sempre divididas em dois momentos: a) discussão de um referencial teórico que orienta nossa atuação em campo e análise de casos concretos de intervenções sócio-culturais; b) análise do material produzido pelos estudantes e proposição dos próximos passos de campo.
Por essas razões, não é possível faltar nas atividades presenciais sem prejuízo para o projeto. A disciplina de estágio, diferentemente das demais disciplinas, exige a realização das 135hs. Toda falta (seja na sala de aula ou numa atividade de campo programada) deverá ser justificada.
Algumas orientações para a semana:
a) Todos os estudantes devem se cadastrar na lista de discussão: https://groups.google.com/group/estagio3-sociais
Ela é nosso principal meio de comunicação para a coordenação das atividades presenciais e de campo. A participação na lista é um critério de avaliação no engajamento na disciplina.
b) O programa completo da discilina está disponível aqui: https://ensinosociologia.milharal.org/atividades/ensino/estagio-iii-2013/
Observem que há um longa bibliografia para cada aula. Como não há atividade presencial toda semana a leitura dessa bibliografia pode ser realizada de forma mais distribuída: https://ensinosociologia.milharal.org/2013/11/05/estagio-iii-referencias-bibliograficas-complementares/
c) Atividades que deverão ser realizadas até o dia 14 de novembro. Observem que as informações relativas a essas atividades de campo deverão ser entregues impressas e em formato digital (via egroup):
Aula 3 – 7 de novembro – Atividade de campo
Criação portfolio e registro das informações.
Mapeamento 1: resultado deste levantamento deverá ser apresentado na aula seguinte.
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local escolhido para desenvolvimento do projeto;
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breve descrição do local e da situação escolhida;
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descrição do público;
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questões iniciais para problematização.
d) Próxima aula presencial – 14 de novembro (quando as tarefas acima deverão ser apresentadas)
Aula 4 – 14 de novembro -Conhecimento sensível, saber da experiência e cartografias.
Bibliografia:
LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, n°19, 2002. Disponível em:
PARRA, H. Z. M. . Educação Expandida e Ciência Amadora: primeiros escritos. In: Cláudio Benito Oliveira Ferraz, Flaviana Gasparotti Nunes. (Org.). Imagens, Geografias e Educação: intenções, dispersões e articulações. 1ed.Dourados: Ed.UFGD, 2013, v. , p. 79-102. Disponível em: http://hp.pimentalab.net/txt/educacao-expandida-ciencia-amadora-henrique-parra-2013.pdf
O texto do Jorge Larrosa é uma ótima contribuição, do ponto de vista teórico-epistemológico, para as concepções de conhecimento, educação e experiência que pretendemos colocar em prática neste semestre. No segundo texto, “Educação Expandida e Ciência Amadora”, elaboro uma primeira sistematização das iniciativas que estamos desenvolvendo no âmbito dos projetos de extensão, pesquisa e formação de professores do Pimentalab/TransMediar. Em certa medida, acredito que este texto apresenta o projeto que orientou a elaboração desta edição do Estágio III/2013.
BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Rev. Bras. Educ. [online]. 2002, n.19, pp. 20-28. ISSN 1413-2478.